domingo, 28 de novembro de 2010

Insegurança alimentar atinge 48% do Ceará

Pesquisa indica que, em 2009, 4,5 milhões de cearenses enfrentaram algum tipo de restrição alimentar

A fome ainda continua sendo um desafio a ser vencido em grande parte do país. No Ceará, 48,3% dos domicílios estavam em insegurança alimentar, no ano de 2009, ou seja, apresentaram algum tipo de dificuldade para conseguir alimentos. O número representa uma diminuição de 7,4% quando comparado a 2004.

Apesar dessa redução registrada no Estado ter ficado acima da média nacional, 4,7%, os números revelados, ontem (26), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio do suplemento sobre segurança alimentar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009, não são motivos para se comemorar. Isso porque os dados deixaram o Ceará na terceira posição com relação aos piores índices de insegurança alimentar de todo o Brasil, ficando atrás apenas do Maranhão e Piauí, com 64,6% e 58,6%, respectivamente.

A pesquisa mostrou que destas 48,3% residências cearenses, 24,4% estavam em situação de insegurança alimentar leve; 13,5% moderada; e 10,3% em condição grave.

Restrição

O estudo identificou que 4,5milhões de cearenses passaram por algum tipo de restrição alimentar ou alguma preocupação com a possibilidade de não ter recurso para comprar alimentos. Assim, 53,41% da população do Ceará, em 2009, estava nessa situação, visto que o índice populacional, na época era de 8.547.809 milhões.

De 2004 a 2009 houve uma queda de 8,2% no número de cearenses que enfrentavam o problema, conforme o levantamento. Em 2004, eram 4,9 milhões de pessoas nessa situação para uma população de 7.998.849 milhões.

De acordo com a pesquisa, o Nordeste foi a região que apresentou o maior número de residências em insegurança alimentar, 46,1%. No Brasil, esse dado é de 30,2%, demonstrando que, em 2009, 65,6 milhões de pessoas residentes em 17,7 milhões de domicílios enfrentaram algum tipo de dificuldade para se alimentar. Destas, 11,2 milhões estavam em uma situação considerada grave.

Conforme o presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea-CE), Emanuel Barreto, para que o Estado consiga superar esse problema é necessário, principalmente, que os governantes repensem as políticas públicas que estão sendo executadas. "É necessário que haja uma maior valorização da agricultura familiar, pois assim teremos alimentos mais barato e de qualidade, e diminuiremos o êxodo rural", revela.

Apesar das estatísticas mostrarem que a situação do Ceará não é a das melhores, o Estado avançou com relação à segurança alimentar. Em 2004, somente 44,2% dos domicílios cearenses estavam nessa condição, ou seja, os seus moradores tiveram acesso aos alimentos em quantidade e qualidade adequadas. Já em 2009, esse número foi de 51,7%. Segundo Barreto, essa melhoria é decorrente de algumas ações governamentais, sendo a principal delas o Bolsa Família, e ainda a estabilidade da economia brasileira.

Insegurança Alimentar

Leve ocorre Quando é detectada alguma preocupação com a quantidade dos alimentos em um futuro próximo e quando existe um comprometimento com a qualidade desses alimentos

Moderada Caracteriza-se quando os moradores de um determinado domicílio conviveram, no período de tempo de referência, com uma restrição quantitativa de alimentos

Grave - Acontece quando além dos membros adultos de uma mesma família, as crianças também passam pela privação de alimentos, tanto com relação à quantidade quanto à qualidade, podendo chegar à sua expressão mais grave, a fome.

Segurança alimentar está relacionada às residências onde todos os moradores tiveram acesso aos alimentos em quantidade e qualidade adequadas e suficientes, sem se sentirem na iminência de sofrer qualquer restrição alimentar no futuro.

JÉSSICA PETRUCCI
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste

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